terça-feira, 15 de março de 2011

ESTÚDIOS BUROCRÁTICOS


Uma das coisas mais importantes para se fazer um grande disco, com gravações que podem marcar época, é sem dúvida o bem estar e o bom relacionamento no estúdio, assim como em todo e qualquer ambiente de trabalho.
Mas se pelo contrário você já sentiu a sensação de está sendo perseguido durante a gravação pelo técnico, ou pressionado e questionado quanto as suas idéias ou conceitos sonoros e musicais, você não é o único a sofrer com isso.

FÓRMULA PARA GRAVAÇÃO 

A questão é que muitos técnicos e donos de estúdio ainda acreditam que deve existir uma fórmula exata e várias "regrinhas" na hora de gravar e mixar, acreditam por exemplo, que, ou você grava com determinada marca de instrumento ou a gravação não vai ficar legal.
Quanta ignorância, as vezes por falta de humildade em reconhecer não conhecer determinada técnica ou método de gravação, mas talvez por não gostar de determinado gênero  musical em particular  a ser gravado e querer impor sua visão e não se abrir a novas experiências.



TÉCNICOS X ARTISTAS

Se voltarmos no tempo, nas décadas de 1950 e 1960 para ser mais exato, tempo em que nos grandes estúdios os engenheiros de som ainda usavam jaleco e camisa com gravatas como cientistas, muitos artistas famosos, em especial os que revolucionaram a música e a forma de gravar, sofreram com certas "regras", pois nem sempre podíam sequer entrar na sala da técnica, essa tarefa ficava apenas por conta dos produtores que com os técnicos e engenheiros faziam a finalização da obra.
Em entrevista para o pesquisador Mark Lewisohn no livro The Beattles Recording Session, Paul McCartney revelou como no começo os Beatles assim como outros artistas apenas ficavam restritos a sala de gravação, depois eles mesmos começaram a impor um novo formato, assim como Jimi Hendrix, Eric Clapton e tantos outros, também ajudaram a mudar forma do artista e os técnicos de gravação se relacionarem.Apenas citei exemplos ingleses já nos anos '60, mas vale lembrar que no final dos anos '50 Buddy Holly também ajudou a mudar essa história!

EXEMPLOS HISTÓRICOS       Eric Clapton em estúdio

Na gravação do antológico album John Mayal Bluesbreakers de 1965/66 produzido por Mike Vernon ,o engenheiro de som ficou louco com a forma que Clapton pediu para microfonar seu amplificador Marshal de 35 Watts, e deixar o microfone fora do "padrão" costumeiro enquanto colocava o máximo de volume possível... "Reportedly, he told the engineer during the Bluesbreakers session that he should mike the amplifier from across the room, because he intended to play it as loud as possible." ... bem, o resto todo mundo sabe, ali surgiu um dos sons mais ferozes e seminais da história da guitarra elétrica, muita gente tenta até hoje captar aquele som, aquela essência... Mas cadê as regras?!
Poderia citar aqui vários exemplos de gravações que ajudaram a mudar os velhas regras, que por si são importantes e devemos nos guiar sempre por elas, mas nunca devemos ser escravos delas nem as impor, caso contrário tudo fica pré-moldado e muito previsível.

RECADO AOS ARTISTAS E PRODUTORES

Lembre sempre que antes de entrar em estúdio para gravar, devem estar bem ensaiados e tudo o máximo definido, o técnico ou o estúdio não tem obrigação de esperarem um longo tempo para definirem tudo durante a sessão, isso dependendo do pacote acertado, gravando por hora quem perde tempo e dinheiro é o artista.
Muitos técnicos as vezes mostram sinais de cansaço, de anos de trabalho e não terão tanta paciência em determinados momentos, ou nem trabalham mais com o calor e o prazer pela música como iniciantes tentando descobrir coisas novas!

Por Jonathan Richard

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